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segunda-feira, 2 de maio de 2016


Os Correios não têm e, provavelmente, jamais terão capacidade técnica para atender às vítimas de acidentes de trânsito, na opinião do sócio-corretor da paulista Atrios Corretora de Seguros, Jose Macedo. “Seus funcionários não orientam, envelopam quaisquer que sejam os documentos e mandam o segurado ligar para o 0800 da Seguradora Líder”, emenda, ao sintetizar o tipo de atendimento que os Correios prestam na atualidade aos beneficiários do seguro obrigatório DPVAT.
José Macedo julga, inclusive, que a Líder faz propaganda enganosa quando diz que é simples dar entrada no pedido de indenização. “A verdade é outra. As vítimas de acidentes de trânsito que vão às agências dos Correios, como não são assistidas adequadamente, padecem, ficam perdidas. Eles lá não têm preparo para oferecer orientação”, diz Macedo, acrescentando que as vítimas – talvez mais de 70% delas –, são pessoas humildes e, em geral, têm dificuldade de entender os procedimentos e, por isso, é necessário ter alguém ao lado para ajudá-las. “Isso sem falar que depois da fase inicial, não raro, é preciso fazer o acompanhamento dos processos. Os Correios são um tiro no pé, pois daí vão gerar muitos processos judiciais contra a Líder. Muitos vão correr para escritórios de advocacia, se é que isso já não está ocorrendo”, comenta.
Segundo ele, o que talvez pudesse ser feito para clarear esse cenário seria colocar o corretor de seguros nas agências dos Correios. Se muitos bancos conseguiram criar um sistema nessa linha em ralação a outros ramos de seguros, os Correios também podem fazer o mesmo no DPVAT. Não há dúvida, para Macedo, que o profissional mais indicado para operar nos processos administrativos de sinistros DPVAT com qualidade é o corretor de seguros. “É o melhor canal, além de mais barato e sem vínculo empregatício”, aponta.
Mas ao que parece, na sua avaliação, não é bem o que a Líder pensa. Na contramão desse reconhecimento, essa seguradora prefere criar dificuldades. “É falta de visão de cidadania estabelecer medida que impede justamente que o corretor exerça sua função plenamente, como a que o limita a atender apenas 30 vítimas do trânsito por mês. O corretor de seguros existe para assistir à coletividade, ainda mais em um seguro de cunho social, a exemplo do DPVAT”, critica, complementando: “O corretor tem o direito de atender a população, quantas pessoas julgar conveniente”.
A imposição de limite é ainda, na avaliação de José Macedo, uma desconsideração à categoria, que, na verdade, deveria estar sendo incentivada a trabalhar com os processos de sinistros DPVAT. E isso, para ele, significa melhorar a remuneração – ao menos R$ 200 por atendimento, como forma de custear sua estrutura –, e dar mais apoio técnico, com cursos substantivos e regionalizados, aproveitando inclusive as estruturas das entidades sindicais do setor. De acordo com ele, o que precisa ser entendido é que o corretor de pequeno porte faz massa, pois ele está presente praticamente em todo o Brasil, razão pela qual não se pode exclui-lo ou limitar o seu atendimento.
A centralização dos sinistros DPVAT na Líder é outra medida criticada por Jose Macedo. “É iniciativa que burocratiza e aumenta custos”, sentencia, desconfiado de que atravessadores e escritórios de advocacias sairão beneficiados desse processo.

Fonte: Matéria Completa

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