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terça-feira, 10 de maio de 2016

Desvio no DPVAT: acionistas da Líder vão pagar a conta.
O desdobramento da Operação Tempo de Despertar, deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), tende a bater diretamente no bolso das companhias sócias da Seguradora Líder. E a conta final não será nada suave, caso se aproxime das projeções dos promotores mineiros. Eles estimam, como é do conhecimento público, que as fraudes praticadas contra o DPVAT tenham causados prejuízos anuais equivalentes a 20% da receita captada por esse seguro obrigatório.
Seguida essa linha de raciocínio dos promotores, só em 2015, a perda, diante de um faturamento de R$ 8,622 bilhões, alcançou R$ 1,724 bilhão. Acontece que a perda pode multiplicar-se por cinco, calculada a partir de 2011, quando o Ministério Público Federal de Minas Gerais alertara a Líder, em ofício, para as irregularidades envolvidas no DPVAT e cobrava dela informações.
Cedo ou tarde, tais prejuízos serão cobrados, provavelmente pelo desdobramento natural da Tempo de Despertar. Uma cobrança decorrente de irregularidades que os promotores mineiros dizem comprovadas, como relatado neste Editorial da semana passada. Relembrando, são, entre outras, “o pagamento de indenizações pela Seguradora Líder em valores expressivos antes de homologado acordo e diretamente a advogados da parte autora” e também “o pagamento de indenização mesmo depois de ter sido negada a homologação judicial diante da constatação de indícios de fraude”.
A cobrança virá em decorrência desses atos vistos pelos promotores como ilegais. E, também muito provavelmente, com a conta para pagamento endereçada aos sócios da Seguradora Líder, como mencionado acima. Dificilmente os supostos prejuízos, vinda a cobrança, serão arcados pelos cofres da Líder, pois isso exigiria ajustes atuarias que resultariam em aumento dos preços do DPVAT para equilibrar o aumento das despesas. Seria o mesmo que transferir a conta dos valores desviados para a sociedade, particularmente para os proprietários de veículos automotores e para as vítimas de acidentes de trânsito, que hoje recebem valores de indenizações corroídos pela inflação de nove anos, já que não são corrigidos desde 2007.
Que fique, portanto, o alerta. Os acionistas da Líder – é verossímil – vão devolver tudo que auferiram nos últimos cinco anos com o DPVAT, via lucro, serviços prestados e outras formas de ganhos, para pagar a conta das irregularidades envoltas na Líder. Afinal, será o preço da concordância com uma gestão que ao longo desse tempo levou a companhia, ao que tudo indica, a esse quadro de descalabro.

Fonte: www.news.genteseguradora.com.br

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